Falta de chuvas acarretará consequências negativas para a economia e alimentação. Situação precisa ser analisada sob a ótica da segurança hÃdrica, energética e alimentar.
A crise hídrica, que se agrava em todo o País, é motivo de grande preocupação para os produtores rurais paulistas. A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (FAESP) avalia que, caso medidas não sejam tomadas, haverá impactos negativos na economia e no segmento rural, com a possibilidade de quebra de safras e alta no preço de alimentos.
"O avanço da crise hídrica e o aumento na conta de energia acenderam novo alerta para os agricultores paulistas", destaca Fábio de Salles Meirelles, presidente da FAESP. "É preciso que as autoridades municipais, estaduais e federais atuem no sentido de fazer frente a esses fenômenos climáticos", completa.
O agronegócio oferece relevante sustentação ao PIB e à balança comercial e garante o abastecimento da população sem interrupções, mesmo com tantos desafios, como a não regularidade das chuvas, a reposição dos vários corpos d?água e o aumento do custo da energia. "Em 2020, fomos responsáveis por um volume bruto de produção de R$ 1,98 trilhão", revela Meirelles.
Na parte elétrica, o recente reajuste nos valores das bandeiras tarifárias vai provocar o encarecimento da energia elétrica. Nesse sentido, o reajuste para a bandeira vermelha - patamar 2 passou de R$ 6,24 para R$ 9,49 a cada 100 kWh consumidos, um aumento de 52%. "Os reajustes batem na cadeia produtiva e se estendem ao consumidor, que é quem compra carne no açougue e o arroz e feijão no mercado, e fica com a conta final. A crise hídrica deve ser observada com atenção pelas autoridades e medidas deverão ser tomadas, como a revisão das altas taxas de energia, por exemplo, para não causar o encarecimento dos alimentos", explica Meirelles. "Também não desejamos que se imponham medidas restritivas à irrigação, pois isso traria grande impacto na produção de hortaliças".
Além dos aumentos nas contas de luz, a crise hídrica faz redobrar a atenção com o uso múltiplo da água, principalmente nos reservatórios das Usinas Hidrelétricas (UHE), cuja a queda do seu volume útil pode provocar falta de abastecimento de água para a população; paralização na produção da aquicultura; interrupção ou diminuição nos volumes outorgados para a irrigação; restrições na navegação fluvial; e queda nas atividades ligadas ao lazer e turismo nos municípios onde se situam essas UHE.
Inteligência no campo
Na contracorrente da pandemia, o campo mantém o ritmo de modernização e busca superar os obstáculos do novo normal. "A inclusão digital é muito importante para o agricultor durante a pandemia", diz o presidente da FAESP. "Por isso, estamos nos modernizando, discutindo métodos de irrigação e ampliando a utilização de energia fotovoltaica. Defendemos o uso consciente e responsável da água e da energia, a fim de otimizar as operações agrícolas e melhor aproveitar cada cultura", comenta.
A FAESP promove as boas práticas do uso da água e vem realizando esforços para tornar a tecnologia mais acessível aos produtores paulistas. Nesse sentido, desenvolve comunicação assertiva com os sindicatos rurais, de modo a aperfeiçoar as atividades de irrigação, além de outras práticas, visando garantir maior produtividade agropecuarista.
Segundo a FAESP, com a irrigação inteligente com tubulações subterrâneas é possível aplicar água e nutrientes diretamente à raiz da planta, oferecendo maiores benefícios para o seu cultivo e acelerando o ciclo produtivo em até 40% em relação ao sequeiro, conforme estudos e experimentos no campo. Hoje com os recursos da informática, os processos podem ser automatizados e fornecem a possiblidade do gerenciamento de todos os detalhes da irrigação e da nutrirrigação de maneira prática, moderna e eficaz. Isto contribui para melhor aproveitamento dos recursos hídricos e fertilizantes, evitando desperdícios.
A tecnologia está aí para contribuir para uma agricultura mais eficiente e com custos menores, inclusive com fontes alternativas de geração de energia, como o uso da biomassa, eólicas e solar ou fotovoltaica, que passam a ser uma alternativa a mais para o produtor rural, com a vantagem de ser renovável e sustentável. Segundo dados de 2020 da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), o setor rural responde por 13,2% da potência instalada no Brasil e os investimentos nas propriedades passam de R$ 1,7 bilhão.
De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), em 2020 a capacidade instalada de geração de energia elétrica foi de 174,7 GW, sendo que a Solar, Biomassa e a Usinas Eólicas, representaram 21% desse total.
Fonte: Por FAESP 12/07/2021 às 09h00